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Empatia no Relacionamento

A empatia é o 7º Pilar para Construir um Relacionamento Saudável, e eu vou mostrar nesse artigo porque ela é tão importante.

Primeiro, uma definição simples do que é empatia para a psicologia. 

Empatia é a habilidade psíquica de sentir o que a outra pessoa sente em uma situação.

Você prestou atenção na definição? Leia novamente. Está descrito sentir, e não pensar. Muitos confundem empatia com o ato de pensar sobre o que o outro sente, ter dó e se comover. Ficar sentido com aquilo. Mas, isso pouco tem a ver com o conceito real, mais profundo e aplicado de empatia.

A empatia real tem mais a ver com ajudar o outro ao perceber como esse se sente, e para isso você precisa entender algumas barreiras e possibilidades que te mostrarei a seguir.  

Vou destacar logo no início, para te motivar, os dois maiores benefícios que ao ser empático você desfrutará nos seus relacionamentos.

1º BENEFÍCIO) A empatia aumenta a sua capacidade de ajudar.

Naturalmente, quando você se dispõe a sentir tal como o outro sente o evento que a pessoa está passando, conseguirá perceber de maneira mais ampla e profunda a realidade dessa pessoa. Expandindo o seu nível de consciência sobre a realidade do outro, as suas possibilidades de ajudar e contribuir positivamente de alguma forma aumentam.

2º BENEFÍCIO) Através da ajuda demonstrada pela empatia você desenvolve mais amor.

Exatamente isso. Você pode aprofundar intimamente no amor (4º Pilar de um Relacionamento Saudável). A profundidade e a ajuda proporcionarão para você e o seu parceiro ou a sua parceira, infinitas possibilidades de estarem se vinculando cada vez mais intimamente, com mais paixão, cuidado, carinho e atração na construção da realidade de forma amorosa e benevolente.

Claro que esses benefícios e o conceito em si são muito bonitos, mesmo estando claro como é trabalhoso na prática. Ao buscar ser mais empático será natural você trombar com algumas barreiras. Limitações que travam o processo e dificultam o se dar à relação.

Separei três das principais barreiras que tenho observado ao decorrer dos anos com os atendimentos clínicos no consultório de psicologia:

1ª) Egocentrismo: é aquela condição que você tende a ter comportamentos ou atitudes que se referem essencialmente a si próprio. Você não consegue deixar o seu próprio ego de lado. Sempre tudo tem a ver com você, direta ou indiretamente, e isso faz com que seja extremamente difícil se tornar mais empático. No processo de tentar realmente sentir o que o outro sente, tal como ele percebe, e não você, é necessário deixar o ego um pouquinho de lado. 

2ª) Preconceito: barreira extremamente poderosa. É muito difícil para qualquer pessoa no primeiro momento ser empático com algo que ela tem preconceito sobre. É muito mais fácil, ter empatia e ajudar uma pessoa quando ela está dentro de padrões de pensamentos, condutas, comportamentos coerentes àquilo que você acha que faz sentido ou é certo. Mas na prática, quase nunca vai ser assim. O outro é outra pessoa. Não importa quanta sincronicidade você tenha no seu relacionamento, mas o outro continua sendo o outro. Teve uma criação diferente da sua. Teve experiências ao decorrer da vida, principalmente antes de te conhecer, diferentes das suas. A percepção sobre alguns detalhes da vida é diferente.

3ª) Valores e crenças culturais: aqui a pegada é um pouco mais embaixo. Imagine tudo o que foi introjetado em você, desde que você estava na barriga da sua mãe e começou a ter o seu sistema nervoso central formado, ou seja, dava interpretações aos estímulos recebidos, mesmo que de forma primitiva nesse início de vida. Imaginou? Some com os primeiros anos de vida até a sua pré-adolescência. Tudo o que falaram para você. Orientaram você. Viveram com você. Estimularam como certo para você. Recriminaram como errado para você.

Todas essas experiências formam uma maneira de ver o mundo. É óbvio, que quando adulto você irá questionar e alinhar o que te faz bem ou mal, concorda ou discorda. Porém, tudo em cima desse conglomerado de experiências vivenciadas, desenharam o mundo e as pessoas para você de uma maneira única e singular. 

Quando você precisa ser empático com alguém, mesmo que não tenha preconceito, mas que tenha passado por valores e crenças culturais extremamente diferentes, não é uma tarefa fácil. É muito mais difícil para a sua mente compreender algo que ela teve pouco contato, ou em alguns casos, contato nenhum. Você precisará ser paciente. Ouvir muito. Participar e ter contato com a realidade dessa outra pessoa, sempre reforçando a necessidade da primeira barreira: deixando o egocentrismo de lado.

Agora que já te mostrei as principais barreiras que possivelmente você irá encontrar ao tentar ser mais empático, vamos falar de possibilidades!

Desmanchei a empatia em três tipos para que você possa construí-la em um passo a passo, tornando mais fácil todo o processo.

1º TIPO: Empatia Cognitiva

De uma forma bem simples é o ato de você entender o ponto de vista do outro, racionalmente e intelectualmente falando. Você consegue perceber de maneira lógica o problema que a pessoa está passando através da inteligência cognitiva.

É uma etapa fundamental, mas apenas com o lado racional dificilmente você conseguirá atingir um nível profundo de empatia com que faça você realmente se mover em direção a essa pessoa.

2º TIPO: Empatia Emocional

A empatia emocional é um passinho mais adiante, uma camada a mais de profundidade de entendimento. Aqui você já tem a percepção racionalizada e intelectual da realidade do outro, mas consegue entender os sentimentos dessa pessoa. Unindo sua percepção intelectual com o foco na maneira como o outro se sente, e deixando seu ego de lado, você cria uma união poderosa desses dois fatores e pode se estender à próxima etapa.

3º TIPO: Empatia Compassiva

Aqui, sentindo como o outro se sente e tendo seu aparelho cognitivo direcionado ao entendimento da realidade dele, você percebe o que essa pessoa precisa de ajuda, e também consegue elaborar o ‘como ajudar’. A empatia atinge seu nível prático de sentido, que é ajudar o próximo.

Agora, imagine as potencialidades dessa empatia no seu relacionamento. Depois de tudo o que te descrevi aqui, pare e reflita:

Quantos benefícios você terá na sua relação construindo mais empatia?

Essa construção parte de você, mas claro que você pode, e honestamente até recomendo que deva, convidar a outra parte para realizar esse processo e também desenvolver seu próprio nível de empatia mais profundo por você.

Consegue visualizar as infinitas possibilidades de benefícios que você teria em todos os contextos da vida apenas aprendendo a se ajudarem mais de forma empática com esse único pilar para construir um relacionamento saudável?

É uma rica oportunidade, e seria extremamente sem sentido descartá-la.

E eu sei. Na prática é realmente trabalhoso e a pegada é diferente. E a vida é assim mesmo. O volume de pessoas que acreditam terem empatia, mas na verdade não têm, é gigantesco. 

A empatia tem sido mal interpretada como aquele sentimento de dó e comoção que você sente quando vê alguém sofrendo ou sendo prejudicado de alguma forma. E na verdade só isso não ajuda a transformar a vida de ninguém, além de fazer com que você se sinta mal. Esse é apenas o gatilho inicial de processos reais, como a construção da verdadeira empatia.

Essa empatia que te descrevi nesse artigo. A empatia baseada em sentir o que o outro sente e ajudar essa outra pessoa a resolver, na prática, na vida real, gastando seu tempo, energia, libido e usando o seu amor. Do seu servir. Essa é a real definição de empatia.

Uma prova que a maior parte das pessoas vê de forma equivocada a empatia é um estudo que analisei do ano de 2016. Esse estudo foi realizado na Universidade de Michigan nos Estados Unidos.

Nele, cientistas, psicólogos, psiquiatras, neurocientistas e outros pesquisadores das áreas de desenvolvimento humano e comportamento avaliaram 63 nações no planeta, dentro delas a nossa, o Brasil.

E adivinha? O Brasil ficou na 51ª posição como o país mais empático de 63. Interessante, não? Para nossa nação que se julga toda acolhedora, quente e aquele ‘oba oba’ todo, na hora do vamos ver, cai nessa condição de baixo nível de empatia, justamente por causa do conceito real.

A empatia não se baseia em ver um evento negativo e ficar demonstrando revolta em post de rede social, ou falar com raiva na mesa de jantar sobre o assunto. A empatia é sobre levantar a bunda da cadeira e você mesmo ajudar, fazer algo para que a realidade do outro, que está sofrendo ou em algum tipo de escassez, mude.

Vamos todos trabalhar mais empatia em nossos corações, e principalmente, manifestando através das nossas condutas e comportamentos.

Acesse a Jornada completa dos 9 Pilares para Construir um Relacionamento Saudável. Clique no botão abaixo para acessar.

01 - O que um psicólogo faz?

Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0