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22 - 3 Dicas para Eliminar Hábitos Ruins do seu Relacionamento

Hábitos ruins são aqueles comportamentos frequentes que você tem e só geram problemas no seu relacionamento.

Não sei se é o seu caso, mas muitas pessoas subestimam o poder do hábito. Acabam achando que é conversa fiada de ‘coach’ ou algo do tipo. Criando essa bolha de preconceito sobre o conceito, não se interessam e não entendem realmente a sua relevância.

O hábito não se refere apenas aos comportamentos e padrões repetitivos durante os dias na sua vida. Esse também tem interferência direta na construção, manutenção e evolução do seu caráter e personalidade. 

O psicólogo e filósofo William James escreveu ‘O Hábito’ em 1887, e foi um dos primeiros a explicar como os padrões comportamentais moldam o que nos referimos como caráter e personalidade mais do que imaginamos.

Em um trecho desse livro ele explica:

“O hábito é o enorme volante da sociedade, é o seu precioso agente conservador. Sozinho é o que nos mantém dentro dos limites da ordem, e salva os filhos da fortuna das revoltas invejosas dos pobres.”

Sozinho, ele impede que as mais difíceis e repulsivas caminhadas da vida sejam abandonadas por aqueles que foram trazidos para trilhá-la.

É o que mantém o pescador e o marinheiro no mar durante o inverno; mantém o minerador na sua escuridão, e mantém o homem do campo na cabana de sua fazenda solitária durante todos os meses de neve; é o que nos protege da invasão dos nativos do deserto e da zona congelada.

É o que nos condena a lutar na batalha na vida sobre as linhas da nossa criação e escolha precoce, a fazer a melhor perseguição que discordamos, porque não fomos equipados para nenhuma outra, e é tarde demais para recomeçar.

Ele evita a mistura de diferentes classes sociais. Já nos vinte e cinco anos você já vê o maneirismo num jovem comerciante viajante, num jovem médico, num jovem ministro, num jovem conselheiro de direito. Você vê as pequenas rachaduras no caráter, nos truques de pensamento, nos preconceitos, na maneira de “comprar” com uma palavra, de um homem que depois de um tempo não pode mais fugir da manga de seu casaco que de repente pode cair num novo conjunto de pregas. No fim, é melhor que ele não escape.

É bom para o mundo que a maioria de nós, com a idade de trinta anos, o caráter tenha se definido como gesso, e que nunca mais volte a amolecer novamente.

Ainda se referindo sobre esses comportamentos, em um tempo bem distante do de William James, antes mesmo de Jesus Cristo ter nascido, o imperador romano Marcus Aurelius disse:

“Sua mente será como seus pensamentos habituais; pois a alma se torna tingida da cor de seus pensamentos. Portanto, encharque-a com correntes de pensamento bons, como, por exemplo: onde a vida é mesmo possível, também é possível uma vida correta.”

Agora que já está  um pouco mais claro para você que se deve olhar para o hábito com o poder que esse tem de impactar a sua vida de todas as formas, quero te trazer 3 Dicas para Eliminar Hábitos Ruins no Relacionamento:

  1. Investigação fenomenológica dos seus hábitos.
  2. Aprenda a não reforçar o comportamento que gerou o hábito ruim.
  3. Crie um campo favorável para gerar hábitos melhores.

1 – Investigação fenomenológica dos seus hábitos: eu sei que talvez você não seja familiarizado com a palavra “fenomenológica”, mas fique tranquilo que é extremamente simples de entender essa investigação na prática.

Essa investigação através do método fenomenológico consiste em observar o que realmente é a realidade do fato. Sem ser dedutivo ou indutivo. Não fica explicando perante leis ou princípios, mas sobre o que realmente está presente para a sua consciência.

O que aconteceu e qual foi o resultado disso? Simples assim.

Desenvolver a capacidade de olhar para os fenômenos tal como eles se deram te ajuda a ter mais informações sobre si próprio e o outro no relacionamento. Fica mais claro os pontos que você tem que podem ser melhorados para gerar resultados que ampliem a sua qualidade de vida e a do casal. Também se faz mais claro as habilidades que você tem, podendo ser melhor exploradas no bom sentido da palavra.

Esse movimento de investigação fenomenológica também ajuda a manter os pés no chão de forma humilde, pois o seu objeto de pesquisa aqui é investigar a realidade daquilo que a sua consciência observou, e não se colocar em uma briga de ego para tentar estar certo ou errado relacionado a outra pessoa. O foco está na realidade, independente dessa te deixar satisfeito ou te frustrar, pois entende-se que é através dela que você terá as informações necessárias para seguir evoluindo.

2 – Aprenda a não reforçar o comportamento que gerou o hábito ruim.

Reforço é um termo muito utilizado na psicologia comportamental. Reforço positivo e negativo.

Vou te explicar de maneira simples como isso funciona na prática.

O reforço positivo é uma recompensa que você dá para alguém quando este age de forma satisfatória. Esse reforço faz com que o comportamento se torne um hábito mais sólido conforme for sendo repetido e aprimorado dentro das características de evolução de cada um. 

O reforço negativo é a ausência da recompensa por não ser feito o que é considerado necessário ou satisfatório. Perceba que não é uma punição, você apenas deixa de ganhar algo que poderia ganhar. O reforço negativo também funciona de forma eficiente para o condicionamento de comportamentos, ou seja, construções de hábitos.

Agora, levando isso para a sua realidade, você sendo um adulto, independente, pensante, consciente, precisa escolher como irá organizar os reforços positivos e negativos no seu dia a dia. Criar estratégias para que seus hábitos ruins sejam desconstruídos à medida que não recebem reforços e os novos hábitos sejam elaborados à medida que recebem reforços.

Depois de ter uma estratégia clara na sua cabeça, avaliando fenomenologicamente os seus próprios comportamentos, e visualizando possibilidades de trabalhar esse sistema de recompensas para criar novos hábitos e eliminar outros antigos, você leva isso para dentro do seu relacionamento.

Perceba que nesse formato, mesmo que eu esteja falando de um caminho para melhorar os hábitos no seu relacionamento, o movimento inicial precisa começar através de si próprio. É preciso que você tenha algo para compartilhar que favoreça nessa direção, e não cobrar o outro com milhões de acordos fictícios entre vocês para isso ou aquilo funcionar melhor.

Seja bem coerente sobre recompensar. Exija de você, no bom sentido, o melhor da sua capacidade de pensar, sentir e agir para que possa se permitir ser recompensado (ou não). Acredite na sua capacidade criativa, independente do hábito ruim, que provisoriamente esteja te atrapalhando.

3 – Crie um campo favorável para gerar hábitos melhores.

Para entender da maneira mais simples possível o que é o ‘campo favorável’, imagine como é a situação. Qual é o ambiente? Quais estímulos e particularidades aquele local e situação têm? Só isso. Sem dificuldade. 

Agora que você entende que precisa investigar os fenômenos e pode trabalhar a mudança de hábito através do reforço positivo e negativo, preste atenção nos estímulos que você está se colocando em contato.

Quer um exemplo disso na prática? Vamos lá.

Você se sente insegura em relação ao seu namorado/noivo/esposo. Toda vez que ele mexe no celular, te vem aquele fundo de insegurança que ele possivelmente irá conversar ou esteja conversando com outras mulheres, sendo despertado desejo por essas outras figuras, e não por você.

Você entra em uma bolha de angústia e ansiedade, e começa a espionar as redes sociais dele. Fica olhando todos os dias quem curtiu, o que não curtiu, se tem alguém novo seguindo ou algo do gênero. Às vezes, dá até uma exagerada, e corre para fuçar no próprio celular do parceiro quando esse vai tomar um banho ou está distraído.

Como esse campo, essa situação de ficar noiada em cima de um celular com desconfiança, pode ser favorável para que você desconstrua o hábito ruim e construa  um novo? Basicamente é um campo que estimula o movimento contrário. O movimento do próprio hábito já instalado que te faz mal e também faz com que você se sinta insegura, prejudicando não só o seu bem-estar, como o seu relacionamento.

E convenhamos, você não é um bicho descontrolado, então não adianta falar que não tem controle, porque esse ‘não ter’ é uma escolha sua.

Nesse formato você não está agindo nem no reforço positivo, nem negativo. Está se punindo. Buscando cada vez mais uma maneira de se sentir mal, mesmo que não haja nada de ruim acontecendo. Ou você não reparou que nesse exemplo não foi dito em nenhum momento que você estava sendo traída?

Agora, se você não tem maturidade para lidar com a incerteza e falta de controle sobre questões assim, não deveria entrar em um relacionamento. Não existe um acordo com 100% de garantia que o outro vai agir de forma perfeita em relação a você durante todo o caminho do seu relacionamento. Isso é uma fantasia, não um fenômeno.

Entende porque é importante ter a descrição inicial do evento? Essa é a vida prática. Imagine situações semelhantes em qualquer embate de vocês no relacionamento.

Não se cobre mudar hábitos do dia para noite. Não é fácil. É realmente trabalhoso. Compreenda que essas três dicas que eu te trouxe funcionam de maneira acumulativa. Cada vez que você se permitir investigar, reforçar e criar um campo melhor, irá aprender mais sobre você mesma. Esse processo inevitavelmente te conduzirá a um caminho de Desenvolvimento Pessoal e irá impactar de forma positiva e benevolente o seu relacionamento.

As mudanças fazem parte de um formato de processo. Sua habilidade em investigar fenomenologicamente, ampliar seus mecanismos para reforçar os comportamentos e se dar conta dos melhores estímulos e situações para que novos movimentos venham a construir novos hábitos irá melhorar dia após dia.

Seja leve e paciente com você mesma, isso vai facilitar todo o processo.

Têm várias aulas na  Academia de Relacionamentos aprofundando nesse tema para te ajudar no seu Desenvolvimento Pessoal e nos Relacionamentos.

01 - O que um psicólogo faz?

Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0