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VOCÊ SE ACOSTUMOU COM ELE, E INSISTE EM CHAMAR ISSO DE AMOR

Namoros ou até mesmo casamentos. Quantas pessoas se perdem pelo comodismo ou conveniência?

No início de uma relação muito se suporta. O estado de paixão faz com que você se submeta às mais diversas loucuras para conseguir concretizar um relacionamento. E isso é válido.

A paixão é a primeira fase do amor. Tem sua valia até mesmo biológica. Já pensou como seria difícil nos aproximarmos intimamente de forma amorosa de um estranho com a guarda racional intacta, erguida em nossa mente? Não seria tão simples. O corpo tem sua maneira perfeita de ser e se ajustar, e a nossa mente faz parte e orquestra esse corpo.

A paixão, no sentido de alterações neuroquímicas no cérebro, é um período curto que dura aproximadamente seis meses.

Se você é curioso sobre questões neurobiológicas mais específicas que circulam no seu cérebro, acontecem grandes variações hormonais de oxitocina e vasopressina, que são importantes hormônios que regulam áreas do sistema de recompensa cerebral.

Há uma atividade maior nas regiões corticais que se associam às experiências emocionais, principalmente o medo, sentimento que diminui quando estamos próximos às pessoas amadas.

E aqui começa o primeiro problema.

Muitas relações não sobrevivem quando essa fase termina. Uma parte delas tenta se sustentar na marra, por motivos racionalizados de forma errada, como comodismo, medo de ficar sozinho, não querer enfrentar a percepção de rejeição ou fracasso etc.

Se tudo caminhar bem, você passa para a segunda fase do amor, conhecida como amor passional. Esse período normalmente ocorre em torno de um ano de relacionamento. As alterações neuroquímicas aqui aumentam a atração facial, a capacidade de comunicação e a fidelidade através do distanciamento dos demais.

Por favor, interprete adequadamente “distanciamento dos demais”. Não está sendo dito parar de falar com todo mundo e viver em uma bolha, mas sim se distanciar de outras possibilidades amorosas de se relacionar.

Infelizmente, se interpreta erroneamente o desligamento da fase da paixão como uma diminuição de interesse ou real valia sobre a relação, mas na prática, para os relacionamentos que funcionam, é justamente o contrário. Toda atenção será mantida, porém, lapidada em percepções e desejos mais complexos do que a simples atração sexual, sendo que essa não precisa morrer, podendo até evoluir.

Negar a entrada nessa fase é como tentar viver como dois estranhos no ninho. Pouco realmente se tem para compartilhar em uma dinâmica mais íntima de vida no dia a dia. Fica aquela sensação de que está faltando alguma coisa. E essa coisa na verdade não é uma falta, e sim um descuido ou desinteresse em criar o que é necessário, amor.

Mas não acaba por aqui. Existe ainda a terceira fase do amor que é o companheirismo. Para quem não a vive pode parecer algo frio, como o amigo “assexuado” que não envolve nenhum tipo de química em relação ao contato no sentido sexual, mas não é. Longe disso.

Com a disposição do que foi vivido na segunda fase do amor, o aumento do comprometimento com a relação se faz nítido. Aqui, você observa conceitos mais amplos e complexos como os da empatia e compaixão tomando forma real, manifestados no convívio do casal para com todas as coisas.

Em Gestalt-terapia, entendemos que o amor é uma questão essencial para o ser humano, caracterizado por uma busca constante e desejo de ser amado.

O desejo de encontro de outro indivíduo que nos complete e garanta o nosso bem-estar é a base do amor romântico. Ou seja, graças ao amor a pessoa pode deixar de ser só para viver uma história única e pessoal.

A capacidade de se relacionar e viver o amor depende da comunicação do casal. O diálogo, entre outros aspectos, promove a construção da história do casal ao longo do tempo, o conhecer um ao outro ultrapassando barreiras, os conflitos, facilitando a intimidade e a proximidade do casal.

Quando isso não ocorre, o casal, na prática, está junto mas separados. O que pode ser compreendido como uma experiência solitária.

O amor existe sob as mais diversas formas de agrupamentos, o que importa são as regras construídas entre os parceiros que favorecem a convivência e o bem-estar da relação. Essa capacidade dialógica contribuirá para a convivência saudável e mais satisfação de estarem juntos.

Quando há negociações dramáticas e acordos facilitadores de contato, consequentemente, ocorre a sensação de acolhimento. Fortalece-se o laço amoroso.

É preciso priorizar a confiança.

Mesmo com menor exposição pública de afeto entre o par ao longo dos anos, a confiança no amor e comprometimento de ambos possibilita que a satisfação conjugal se mantenha.

Vale ressaltar que o amor tem na confiança no parceiro um elemento fundante.

Quando o relacionamento romântico desenvolve a dependência, trata-se de um amor irracional. Para a Gestalt-terapia, a racionalidade é possível mediante o contato.

Os momentos solitários podem propiciar em encontro consigo mesmo e melhorar as qualidades relacionais, pois ao reconhecer-se, a pessoa se separa do outro e obtém uma forma própria.

Tornando-se dois é possível haver momentos de ser um, a separação é que possibilita, gestalticamente falando, o encontro.

Esse é um olhar da psicologia, mais especificamente, da Gestalt-terapia sobre os relacionamentos amorosos.

Compreender a mente e o comportamento humano facilitará o seu real autoconhecimento, e a criação de possibilidades de ajustes para o relacionamento.

O amor é uma construção que depende da vontade e disposição de ambas as partes. Muita dor de cabeça seria evitada, muitos relacionamentos tóxicos e abusivos não existiriam se essas fases fossem entendidas e colocadas como foco de construção na vida dos envolvidos.

Hoje, infelizmente, se tenta dar “jeitinho” para tudo. O “jeitinho” é aquele perfil de ação de querer ter todos os benefícios, todos os resultados incríveis possíveis de serem vividos, sem fazer nada, ou pelos menos, sem cogitar fazer o que realmente é necessário.

O relacionamento amoroso tem sido visto cada vez mais como um caminho de limitações e prejuízos, perdas e apenas riscos, quando na verdade, é uma das experiências mais ricas possíveis de serem vividas em uma vida humana. Mas, o contato exige cuidado. Não aquele cuidado de ficar pisando em ovos, mas sim de estar, se dar, observar e compreender a si e ao outro.

Disposição e autenticidade são ingredientes fundamentais no encontro de qualquer relacionamento saudável.

A paixão é supervalorizada na nossa cultura. Cria-se a ideia fantasiada de que você precisa estar perdido e descontrolado sob o efeito da paixão para significar que realmente gosta de alguém, e não é por aí.

As três fases do amor existem para que você passe por todos os períodos e venha a construir uma união sólida entre dois seres. A paixão ser reconfigurada ou tomar outras formas menos descontroladas ao decorrer dos anos do relacionamento é uma evolução, não um retrocesso.

Tanto é que, atendo muitos relacionamentos que não passam dos primeiros meses por não se permitirem construir nada além da paixão. E às vezes, convenhamos, uma paixão meia boca ainda, que poderia ser nomeada como carência.

Sem amor passional e companheirismo, não há relacionamento. Pense como um adulto. Sinta com a alegria e intensidade que isso possibilita.

A vida é para aqueles que realmente querem viver. E sim, existem muitas pessoas que estão humildemente nessa busca, com amor e benevolência.

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Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0