
Como funcionam os adultos imaturos.
Não sei se você conhece, mas já existe até uma Síndrome sobre esse contexto denominada Síndrome de Peter Pan.
O número de “adultos imaturos” tem aumentado MUITO, afetando mais homens do que mulheres.
A Síndrome de Peter Pan foi aceita no âmbito da Psicologia em 1983. Por outro lado, não é considerada um transtorno mental.
O ponto central dessa Síndrome é um desequilíbrio nos aspectos comportamentais, psicológicos, sexuais ou sociais, onde se apresentam de forma imatura. Não funcional. Infantilizadas.
Se você está confuso devido ao nome e não conhece a história de Peter Pan, vou te passar de forma resumida e objetiva:
Peter Pan só queria pensar em coisas boas e voar. Recusava-se a crescer. Escolheu ser criança para sempre. Crescer parece doloroso demais para quem vive com os dois pés metidos nos sonhos.
E como você sabe se está lidando com um adulto imaturo ou talvez até tenha se tornado um?
É possível identificar características que são comuns em pessoas assim:
Por exemplo:
MEDO DE COMPROMISSO
O adulto que se enquadra na Síndrome de Peter Pan evita ao máximo assumir compromissos sérios, que demandem responsabilidades e possam ser duradouros.
Encontram dificuldades em manter um relacionamento íntimo de forma comprometida ao seu próprio desenvolvimento e também do casal.
Você também pode imaginar isso no âmbito profissional. Metas em longo prazo, serviços que exigem boa performance, disciplina e responsabilidades, sociedades e etc. não costumam funcionar para o ‘Peter Pan’.
Quer outro exemplo de característica dessa Síndrome?
MANIPULAÇÃO!
Sim, são adultos que tendem a serem manipuladoras.
Como assim?
Pessoas forçadamente extrovertidas, encantadoras para se manterem na zona de conforto em não serem julgadas e serem bem acolhidas por aqueles que estão a sua volta, mantendo o padrão infantilizado.
É normal usarem de argumentos bem elaborados para fugirem de qualquer tipo de ‘questionamento’.
Do tipo:
‘Não quero ficar preso em uma relação e perder minha liberdade!’.
ou
‘Não quero ser escravo de um emprego fixo!’.
Quando fica nítido que isso pode ter a ver com a Síndrome de Peter Pan?
Quando mesmo com esses argumentos bem elaborados a pessoa não atinge resultados de nenhuma forma. Não cresce profissionalmente, não desenvolve sua intimidade com ninguém de maneira funcional e saudável. Se mantém com a vida travada.
Vamos de mais um exemplo:
NÃO LIDAM COM FRUSTRAÇÕES
Pois é… a pessoa com a Síndrome de Peter Pan tem extrema dificuldade em lidar com suas frustrações.
A bronca de um chefe, uma orientação dos pais, sugestão da parceira, podem ser motivos para a pessoa assumir uma postura infantilizada e regredida evitando a realidade, saindo do emprego, evitando os pais ou terminando o relacionamento.
Normalmente as sugestões das pessoas que nos amam nos direcionam para melhorias. Melhorias geram crescimento, mas melhorias exigem trabalho e mudanças, e por isso é complicado para a pessoa com a Síndrome aceitar.
MATERIALISTAS
O ‘Peter Pan’ tende a se apegar as coisas materiais na tentativa de suprir suas insatisfações.
É comum esse apego criar pequenos ciclos de prazer, mas logo voltar a condição normal de estar insatisfeito com tudo que a direcione para a realidade do crescimento.
Exemplo: um celular novo na primeira semana pode ser muito divertido. O ‘Peter Pan’ pode se imaginar usando aquele celular melhor para o trabalho, fotos, lazer e etc. Uma semana depois nem se pensa mais no celular, pois o direcionamento era pra crescimento em trabalho e lazer e etc.
Volta-se à ‘estaca 0’ da negação em evoluir.
MAIS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS QUE VOCÊ PODE IDENTIFICAR NESSE QUADRO
– Dificuldades em expressar aquilo que sente;
– Relacionamento complicado com a mãe, um misto de culpa e raiva;
– Adoração pela figura paterna;
Na parte relacionada aos pais é interessante pontuar o seguinte:
Em um cenário de ‘crise econômica’, em que os jovens sofrem para conseguir emprego, a dependência financeira dos pais é uma realidade.
Muitos adolescentes e jovens adultos estão demorando a deixar a casa de seus responsáveis para aproveitar ao máximo as mordomias que possuem à disposição.
Esse grupo de jovens fica condicionado a querer explorar a situação do pai até que consiga sair com uma condição de conforto semelhante ou maior do que foi construído durante anos de vida pelos pais. É a racionalização ‘perfeita’ para ficar estagnado em casa debaixo das asas dos responsáveis.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico não é exato.
Por quê?
Porque a Síndrome de Peter Pan não está no DMS (nosso Manual de Transtornos Mentais), sendo assim, é avaliado com base nesses e mais alguns padrões de comportamentos e resultados que estejam prejudicando a saúde e prosperidade de forma geral da pessoa no dia a dia.
MAS VOCÊ QUER SABER SE TEM A SÍNDROME DE PETER PAN?
Faça uma avaliação psicológica com o psicólogo e isso será esclarecido em algumas sessões.
VOCÊ QUER SABER SE O SEU AMIGO, FAMILIAR OU PARCEIRO TEM A SÍNDROME DE PETER PAN?
Aí é preciso que ele vá ao psicólogo.
Tá… agora você já tem uma ideia básica de como visualizar se alguém tem ou não a Síndrome de Peter Pan.
Ok!
UMA REFERÊNCIA
Em um filme HOOK – A VOLTA DO CAPITÃO GANCHO, se conta a história inversa, o verdadeiro Peter Pan tendo que voltar para a terra do nunca onde precisa reaprender a ter as atitudes infantis para conseguir seus poderes novamente. Filme com o saudoso Robin Willliams, pode ser facilmente encontrado nos serviços streaming atuais, ou alugado no youtube.
E O TRATAMENTO? EXISTE?
Existe sim! Mesmo não sendo uma prescrição exata como a farmacologia (e seus efeitos colaterais), a psicoterapia vai ajudar a pessoa a desenvolver todas as limitações, crenças e conflitos que estejam bloqueando o seu próprio crescimento.
Aos poucos, conforme essa pessoa vai percebendo também os ganhos advindos do crescimento, fica mais fácil que o padrão de comportamento infantilizado seja eliminado e ela leve uma vida normal, adulta e em equilíbrio.
Tendo ações esperadas de um adulto.
Em Gestalt-terapia, que é minha especialização na psicologia, faço um trabalho bem objetivo e direcionado de forma fenomenológica sobre contextos como esse.
E aí!
Você tem Síndrome de Peter Pan?
Conhece alguém que tenha?
Está na dúvida?
Deixe o seu comentário e a sua experiência sobre o assunto por aqui.
Também me coloco à disposição para atendimentos psicológicos presenciais aqui em Campo Grande (MS) no meu consultório ou por Orientação Psicológica Online para o resto do mundo.
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Julio Furlaneto
Psicólogo
CRP 14/05550-0