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FALE A VERDADE OU PELO MENOS NÃO MINTA

“Não minta" não é um apelo moral. A verdade é um chamado por uma vida melhor. Por contextos vividos com mais qualidade, tal como, o campo dos relacionamentos.

Quando se pensa em mentira, o ato de mentir, uma das primeiras ideias que vem à mente é a questão do caráter. Uma pessoa ruim, ou pelo menos, não empática, que não se importa com o outro para se apropriar dessa conduta. Egoísta. 

Na prática, é um pouco mais complexo. A mentira alimenta a vaidade, engrandece o orgulho, pois o mentiroso busca viver apenas aquela única possibilidade que acredita que lhe convém. Pode parecer algo “esperto”, mas é justamente ao contrário, e vou te explicar o porquê. 

A mentira impossibilita a pessoa de lidar com a verdade. A verdade, o fenômeno real que se apresenta perante ela. O que realmente está acontecendo. Ao negar a realidade, toda possibilidade de amadurecimento, de desenvolvimento pessoal, se faz descartada. Os prejuízos são inevitáveis. Por isso, antes de ser analisada como um problema ético, fica nítido níveis de prejuízos ainda mais primitivos, tanto para o indivíduo que mente, como para aqueles à sua volta, que se permitem viver com alguma intimidade com essa pessoa.

A dificuldade em falar “não”, uma problemática que atormenta a saúde emocional de um gigantesco grupo de pessoas atualmente, pode se gerar através dessa postura de se esquivar da verdade, ou mais gravemente, mentir. Não se desenvolve um caráter autêntico do próprio Ser.

Lembre-se que, para a Gestalt-terapia, a autenticidade é um dos ingredientes fundamentais para que se estabeleça a ordem mental e a boa saúde.

Para assumir a autenticidade a pessoa é incentivada a reconhecer seus sentimentos e suas escolhas, percebendo melhor o que quer e o que não quer. Podemos perceber isso na linguagem cotidiana, quando uma pessoa diz “não posso fazer isso”, mas gostaria de ter dito “não quero fazer isso”, ou, diz algo como “eu preciso ir embora”, ao invés de “eu quero ir embora”.

Quando a pessoa percebe o que sente e o que deseja e comunica autenticamente, ela deixa claro que está fazendo uma escolha e assumindo a responsabilidade pelo que escolheu. Com isso, percebe-se que não estamos à mercê de coisas que “simplesmente acontecem”, deixamos de nos colocar como vítima ao reconhecer que a maneira que vemos e experimentamos as coisas e a realidade são opções que escolhemos, e que não somos impotentes a elas.

“Eu sou eu, você é você. Eu faço as minhas coisas e você faz as suas coisas. Eu sou eu, você é você. Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas. E nem você o está para viver de acordo com as minhas. Eu sou eu, você é você. Se por acaso nos encontrarmos, é lindo. Se não, não há o que fazer.” (Fritz Perls)

Acrescentando sobre autenticidade, Jordan Peterson descreve na oitava regra para a vida, do seu livro: “12 Regras para a Vida – Um Antídoto para o Caos”:

“Se você disser não ao seu chefe, seu cônjuge ou sua mãe quando for necessário dizê-lo, então se transforma em alguém que consegue dizer não quando é preciso. Porém, se você disser sim quando é necessário dizer não, você se transforma em alguém que só consegue dizer sim mesmo quando claramente é o momento de dizer não”.

Perceba que, a mentira não só é um caminho ruim no sentido de valor, mas limitante para aquele que realmente pretende viver uma vida com sentido, criar relações significativas, com prosperidade em todos os contextos da vida.

A fuga da realidade precisa ser abordada com seriedade, até que deixe de ser um padrão na vida de quem a vive. 

De acordo com Jordan Peterson, é responsabilidade de cada um enxergar o que está à sua frente e aprender com isso, mesmo que seja algo horrível. Não é de admirar que Nietzsche diga que o valor de um homem é determinado pela quantidade de verdade que ele é capaz de tolerar.

A parte mais importante de “não mentir” é não mentir para si mesmo. Um totalitarista não se pergunta onde ele errou.

Mentir gera vergonha. Devido à vergonha, o risco é desenvolver um pensamento distorcido e depois mais mentiras para encobrir as consequências do pensamento distorcido.

“Se sua vida não é o que poderia ser, experimente dizer a verdade”.

Assista às 12 aulas do Curso – Um Antídoto para o Caos clicando no botão abaixo.

01 - O que um psicólogo faz?

Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0