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1A ARTE DE CONSTRUIR A SUA PRÓPRIA FAMÍLIA

Novas possibilidades e estruturas para construir e viver uma família.

É interessante como o tempo passa tão rápido, e as mudanças sociais, culturais, sofrem metamorfoses dia após dia.

Quando nós fazemos parte desse tempo, quando somos nós que estamos aqui, passando de forma presente momento após momento durante esse período, tudo parece ainda mais rápido.

A tradição se desmancha. Se descontrói. Ficamos sem saber para onde olhar, no que nos apoiarmos para termos um parâmetro de como conduzir com alguma segurança a nossa própria vida.

Parece de todo negativo esse caos, mas a verdade é que existe um equilíbrio natural nessa dança. Sempre que um novo movimento começa, também se abrem novas possibilidades para criar uma ordem mais ajustada às necessidades do momento vivido na história.

Não significa que é fácil. É simples observar a dificuldade através da atuação como psicólogo, onde vejo diariamente pessoas sofrendo demasiadamente para criarem uma estrutura, por exemplo, no campo dos relacionamentos amorosos com intuito de construir algo sólido em logo prazo, tal como uma família.

Quando o mundo se apresenta instável (acredito que seja a única forma de realidade, sendo a própria estabilidade uma ilusão), pensar sobre a manutenção de vínculos humanos realmente significativos, que dependem de nossa ação direta para uma boa manutenção da saúde e da qualidade de vida dos envolvidos, se faz um ensaio assustador.

Em qualquer período, o maior erro que podemos cometer é nos afastarmos do que é considerado essencialmente humano. Ser humano sobre a nossa capacidade de autotranscendência, de irmos além de nós mesmo, de conseguimos viver um profundo e significativo sentido na vida ao estarmos em relação com alguma coisa ou alguém diferente de nós, seja isso um significado a ser vivido (realizado) ou outros seres humanos a encontrar.

A existência humana, pelo menos enquanto não for neuroticamente distorcida, é sempre direcionada para algo diferente do próprio Ser.

Podemos entender essa questão ainda melhor usando um conceito de Viktor Frankl, pai da terceira escola vienense de psicoterapia, a logoterapia, o autodistanciamento, que é entendido como a capacidade puramente humana de distanciar-se de si mesmo. É possível fazer uma escolha em relação a si mesmo, ainda que haja condicionamentos presentes.

Imagine a relevância para a nossa psique, viver todo esse movimento característico da nossa espécie através do vínculo mais íntimo possível, a família?

Certo, que somos presenteados com uma família biológica desde o nascimento, mesmo entendendo que esse presente, para muitas pessoas, traz os maiores traumas a serem enfrentados futuramente na vida adulta. Traumas ocasionados pela imaturidade, neuroses, distorções, e até mesmo falta de caráter de alguns pais e membros adultos responsáveis pelos mais jovens.

Mas até mesmo dentro de todo sofrimento é possível encontrar algum sentido. O sofrimento não é em si um mal isolado. Esse também é a uma oportunidade de transcender a si próprio, superar-se, e com esse registro doloroso do passado, compreender agora com ainda mais clareza, ideias e comportamentos que não podem ser alimentados, não devem ser replicados através de você com os outros, e futuramente, não projetados na construção da sua própria família.

A família exige tudo de ti, e ao mesmo, pode entregar tudo para você. Não é dever dela preencher questões pessoais como realização de trabalho, por exemplo, mas ao pensar sobre emoções profundas que só são vividas nos vínculos mais íntimos, esse é o ambiente mais rico existente.

Em uma família saudável cada um dos membros é capaz de ter um papel, uma função significativa. Famílias assim, não têm distanciamentos funcionais nem atritos funcionais. Vivem em harmonia.

Como a própria vida, a família exige de cada membro uma tarefa que deve ser executada, a fim de que os relacionamentos familiares sejam significativos.

Segundo Zinker (1994), para compreender relações complexas, temos de traçar fronteiras em torno das coisas, fenômenos ou eventos. O casal é considerado um sistema ou ainda um subsistema do sistema família no qual os membros da família influenciam-se mutuamente.

O casal, como organismo, é um todo complexo, determinado por múltiplos fatores e para compreender seus conteúdos deve-se adotar uma visão mais ampla, em que se recorre a analogias, imagens e metáforas.

Para compreender os ajustamentos criativos que ocorrem na vida familiar é necessário compreender o que ocorre na fronteira da conjugalidade ou da família.

Perls (Gestalt-terapia) se interessou pelos fatos que acontecem nas fronteiras, especificamente pelas possibilidades e impossibilidades que vão permitir ou não o ajustamento criativo ao longo do processo de conscientização ou awareness. Se não houver obstáculos na fronteira, faz-se o contato com o novo, e, desse modo, a descoberta e a transformação se realizam.

O contato é a função de união e separação de partes diferentes. Seres diferentes se encontram, arriscam-se a ser capturados na união e separam-se modificados.

Os casamentos atuais incluem unidades bastante diferentes, entre as quais casais que vivem juntos com filhos, sem filhos ou com filhos de outros casamentos; casais que se separam e recasam; casais que se casam com pessoa do mesmo sexo. Todas essas opções têm fronteiras que distinguem cada membro e que permitem o contato com outras pessoas.

Além disso, dependendo da fluidez e da permeabilidade da fronteira do “nós”, os familiares se unem e se separam em unidades individuais. Aliás, o bom funcionamento no âmbito da família depende em grande parte de como os parceiros conseguem fazer encontros saudáveis na fronteira do “eu” e na fronteira do “nós”.

É necessário que prevaleça um ritmo harmonioso de união e separação, o qual favoreça, de um lado, a intimidade e, de outro, a individualidade.

Como as fronteiras não são estáticas, pelo contrário, estão em constante movimento pelo que já foi colocado, é preciso boa percepção da realidade para avaliar a possibilidade de contato a cada momento. Desse modo, o emprego da criatividade é fundamental para experimentar novos contatos.

Para você que está nesse processo de evolução tenho um convite. A Academia de Relacionamentos é o espaço onde te ajudo nessa caminhada.

01 - O que um psicólogo faz?

Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0