OS 3 PECADOS MORTAIS DO RELACIONAMENTO

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Confiança no relacionamento - pecados

Existem determinadas condutas que são simplesmente ruins para qualquer relacionamento. Pode-se dizer sim, que todos somos livres, e cada um pode viver à sua maneira, mas essa maneira está enquadrada em vários sistemas nos quais estamos imersos.

Vamos pensar em dois desses sistemas para compreender o cenário. Nosso corpo biológico. Quer queira, ou não queira, você nasce neste corpo, que têm suas características físicas como espécie, e precisará se adaptar dentro das possibilidades que este permite se relacionando com o meio ambiente e com outras pessoas.

Outro sistema é o social. Nossa espécie, o ser humano, essa existência complexa que somos nós, só existe através do contato social. Tudo o que vivemos e desenvolvemos, inclusive nosso paradigma, crenças, personalidade, caráter, etc. são profundamente afetados pelos contatos sociais. Nos enxergamos através disto, e podemos, caso queiramos, amadurecer.

Como esses sistemas são exigências da nossa condição de ser vivo, e não de apenas opinião ou palpite, teremos que nos ajustar a eles. Em outras palavras, você precisará sempre estar em movimento no sentido de buscar entender melhor quem é, o que quer, suas potencialidades e limitações para viver boas relações humanas.

Dentro desse quadro de relações, existe uma que costuma criar muitos conflitos: o relacionamento amoroso. Ora, é óbvio e natural, considerando que envolve duas pessoas estranhas até certo ponto, criadas por famílias diferentes, em momentos diferentes, sob condições singulares, tendo percebido e assimilado essa história de maneira única, pessoal, colocadas para viver intimamente uma ao lado da outra, dia após dia, compartilhando tudo (pelo menos no que se faz possível).

Nesse movimento constante buscando o amadurecimento para se ajustar e viver relações satisfatórias, podemos observar alguns pecados mortais que dificultam, ou até, impossibilitam um relacionamento saudável:

 

1º) FALTA DE AUTOCUIDADO

Estranho, não acha? Na verdade não. Pode parecer esquisito falar de autocuidado justamente no primeiro tópico sobre viver bons relacionamentos, mas é um dos pecados mais fáceis de se observar drenando as relações ou impossibilitando novas possibilidades.

Não é incomum ver pessoas que não se cuidam em vários aspectos (físico, emocional, intelectual, financeiro, espiritual etc.) e projetam no outro, no terceiro que escolheram para se relacionar, a obrigação desse cuidado. Ou seja, criam um refém para si por não fazerem o mais óbvio e simples que deveria ser realizado com dedicação, cuidar bem da própria vida.

Isso não quer dizer que o outro não deva ter empatia, cumplicidade e colaborar dentro de suas próprias possibilidades com o parceiro, como apoiador do que você precisa enfrentar de mais elementar na vida pessoal. Só estou dizendo que não dá para não fazer nada e achar que um terceiro poderá resolver sua vida por você. Algumas questões devem ser abordadas por nós mesmos antes de qualquer coisa, pelo menos no que se refere à autorresponsabilidade. 

 

2º) FALTA DE VERDADE

Falsidade. Não me refiro à falsidade apenas no sentido de mentir ou omitir a verdade para com o parceiro, mas também àquela mais profunda, que se refere a você mesmo. As mentiras que alimenta sobre si próprio, e a negligência com a realidade da vida, projetando culpa das dificuldades sobre tudo e todos, menos, olhando para si, sem buscar a verdade da sua própria contribuição (ou ausência dela) sobre as problemáticas da sua vida.

A ausência de verdade cria uma ponte para o um dos piores pecados que se pode viver em um relacionamento, que é o próximo tópico.

 

3º) FALTA DE CONFIANÇA

Como seria possível confiar em alguém que não tem coragem ou disposição para enfrentar a verdade, para não ser omisso com a vida, consigo mesmo, e naturalmente, com a pessoa com quem se relaciona? Um casal, ou qualquer outro ser humano em qualquer cenário, só consegue construir uma realidade sólida, positiva e benevolente se fundamentando na realidade última, na verdade de todas as coisas tais como elas realmente são no sentido mais profundo.

Claro, somos limitados. Nem sempre conseguimos lidar com toda a realidade à nossa frente. Se existe algo mais complexo que o ser humano, pelo óbvio de sua imensidão (a maior parte ainda desconhecida por nós), é o universo. Seria soberba da nossa parte achar que temos condições prévias para lidar com tudo que um complexo universo nos apresenta, principalmente, considerando que este está em constante movimento. Nada para. Tudo tem um fluxo contínuo de evolução no espaço-tempo.

A confiança, ou seja, dois indivíduos que se dispõem voluntariamente aos riscos de serem verdadeiros, é um pilar fundamental que gera alguma segurança para esse caos de enfrentamento que é a nossa vida todos os dias. Enfrentar situações adversas todos os dias. Alguns períodos mais calmos, outros mais caóticos, mas sempre essa oscilação até o último suspiro. A única mudança possível é melhorar a nossa própria capacidade de enfrentamento.

A confiança exige um voto de fé, pois mesmo sabendo que o outro está disposto e mostrando que pode ser confiável, que te quer bem e está fazendo o possível para que a vida de vocês continue agradável, não há garantias. Não temos como ter 100% de certeza de que a nossa confiança não será traída, por isso recomendo abertamente que você escolha com sabedoria em quem deposita confiança. Não digo para confiar desconfiando, porque não seria confiança, mas sim, para estar consciente, com amor, sempre observando os atos concretos, para que essas ações falem por si só, te ajudando a decidir se o indivíduo é digno de receber sua confiança ou não.

Falar da existência humana no campo dos relacionamentos não é um assunto longo. É infinito. Somos seres complexos e realmente é muito difícil entender porque fazemos o que fazemos, pensamos, sentimos e nos dispomos a determinadas experiências.

Porém, somos seres dotados de consciência e inteligência, e devemos fazer bom uso dessas potencialidades para compreendermos o máximo possível sobre nós mesmos e como se relacionar da melhor forma. Não pense nisso como um dever moral por algum tipo de sabedoria para abastecer o próprio ego, mas como um chamado humano, para viver uma vida humana digna de sentido, digna de ser compartilhada com outro, digna de você poder se olhar no espelho e admirar as batalhas vencidas, internas e externas, ao se identificar no reflexo. 

01 - O que um psicólogo faz?

Julio Furlaneto

Psicólogo
CRP 14/05550-0